Atualmente existem 5 ilhas de plásticos flutuantes nos oceanos do planeta Terra, duas no Pacífico, duas no Atlântico e uma no oceano Índico, que são formadas a partir de uma de grandes concentrações de lixo, principalmente microplásticos de menos de cinco milímetros que flutuam no interior das correntes rotativas e ficam presos nestes imensos redemoinhos.
A primeira destas cinco manchas de lixo (a do Pacífico Norte) foi descoberta em 1997 pelo oceanógrafo norte-americano Charles Moore. Outras três delas foram encontradas em anos sucessivos: no Atlântico Norte em 2009, no Índico em 2010 e no Pacífico Sul em 2011. Em 2017, confirmou-se a existência da última no Atlântico Sul.
Não é difícil entender as causas do vertiginoso crescimento da produção desses polímeros originários principalmente de materiais fósseis, como petróleo, gás e carvão. “O plástico é um material leve, resistente e durável, que traz inovações para o desenvolvimento da sociedade”, afirma José Ricardo Roriz Coelho, presidente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast), entidade que congrega 12,1 mil empresas e 323 mil empregados. “O uso de descartáveis na área da saúde, por exemplo, evita contaminação e transmissão de doenças. No setor automotivo, ele garante redução de peso dos carros e ganho de eficiência energética. Já as embalagens alimentícias servem para aumentar a vida útil da prateleira das comidas.”
Desde 1965, início da produção em maior escala de produtos plásticos, foram produzidos 8,5 bilhões de toneladas de plástico, que hoje se encontram nos seguintes destinos:
Hoje em dia, estima-se que ao longo de um ano, oito milhões de toneladas de resíduos plásticos sejam descartados incorretamente e vão parar nos oceanos, lagos e rios do mundo todo. Ao longo de seu percurso até os oceanos, e após neles chegarem, os plásticos sofrem ações externas e se partem, tornando-se pequenas partículas, com medidas em torno de cerca de 1 milímetro, conhecidos assim como microplásticos.
O problema é enorme e não para de crescer. A falta de condições adequadas no gerenciamento destes resíduos sólidos é um problema sem solução a curto prazo. Muitos países sofrem com escassez de recursos para investimento nessa área tão importante do saneamento básico, tornando-se grandes poluidores. A falta de consciência de muitos também contribui para esse grande problema de poluição mundial, com consequências sobre organismos marinhos e influência na cadeia alimentar de seres terrestres e em nós, seres humanos.
Uma interessante alternativa foi criada pelo velejador francês, Yvan Bourgnon, que durante suas travessias oceânicas se deparou com diversas manchas de lixo plástico. Devido à sua paixão pelo oceano, resolveu criar o projeto Sea Cleaners e projetar uma solução: um veleiro de grandes dimensões, também conhecido por manta, em alusão a arraia Manta, um animal marinho incrível. Prevê-se que o projeto seja entregue em 2024.
A embarcação de 56 metros será capaz de recolher, processar e recuperar grandes quantidades de resíduos plásticos do oceano. Construído em aço de baixo carbono, o Manta possui um sistema de propulsão híbrido elétrico. O barco pode mover-se a baixa velocidade, entre os 2 e os 3 nós, e atingirá uma velocidade máxima de cerca de 12 nós.
Outra famosa iniciativa é do, agora não tão jovem, Slat Boyan, que desde sua adolescência tem a ideia de criar soluções para retirar os plásticos dos oceanos. O projeto da The Ocean Cleanup, iniciativa criada por ele, está em fase de testes em escala real, com o foco na retirada de resíduos na foz de rios e equipamentos atuando juntos às ilhas de lixo. Suas metas são ambiciosas.
Porém, retirar o lixo dos corpos de água é algo claramente paliativo, que poderia ser comparada a famosa metáfora de “enxugar gelo”. A solução efetiva seria evitar seu descarte incorreto e, melhor ainda, a reciclagem e evitar que seja também enterrado em aterros sanitários. O plástico é um material de fácil reciclagem, porém apenas 20% desse material é reciclado de fato no mundo. Em 2019, o Brasil atingiu a marca de 24% da reciclagem do plástico, onde a maior quantidade é oriunda do pós consumo doméstico.
Entre as dificuldades, destaca-se a educação ambiental, dificuldades logísticas para o recolhimento do material e falta de políticas públicas para a coleta seletiva. Considerando os benefícios trazidos com o uso do plástico, entende-se as dificuldades para substituí-lo, porém soluções existem e espera-se que sejam aplicadas na prática.
Fontes:
Gostei muito do assunto escolhido e da boa redação do conteúdo: parabéns!